
Eu quero o que já está feito, e as vezes me sinto bem fazendo um trabalho banal, quase um trabalho que aqui chamam “artesanato”, mas não tem nada ver com o que artesanato realmente é. Aqui é essa coisa pobre que fazem as donas de casa, sem técnica nenhuma.
Gosto de algumas tarefas-bobas-para-não-pensar. Isso me diverte.
Acho que é porque eu finjo ser uma pessoa-que-não-sabe. Nada, uma pessoa que não tem noção do mundo ou do que significa bonito ou feio, só faz um trabalhinho bobo que como ensinaram pra ela é bonito, mas na verdade é uma coisa vazia... por conseqüência é enfeitada e feia.
Gosto de fugir. Da minha realidade. De fingir ser outra pessoa só pra mim.
Acho que não sei ser.
Ser me assusta.
Sempre li isso nos livros da Clarice, mas nunca tinha entendido muito bem o que isso significa, hoje entendo. Será mesmo? Nunca vou entender o que realmente era medo pra ela, muito menos medo de ser.
Se ser eu nem sei muito bem o que significa.
Mas hoje, entendendo o que isso pode ser, parece menos pesado do que quando não compreendia. Parece mais leve. Um pouco preguiçoso. Preguiçoso? Acho que não.
Gosto de inventar situações, não sei se sei inventar uma pessoa porque seria muito eu mesmo, mas gosto de inventar situações e imagens.
Lógico, imagens.

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