Monday, July 30, 2007

Tenho sonhado com um não-lugar
Um lugar que fica dentro de você
Dentro das pessoas que me amam

Um lugar intimo
Onde eu posso ficar sozinho
Com as portas trancadas

Onde ninguém existe
E o tempo não
E eu vivo.

Onde você me protege
E me faz carinho
E me aquece.

Onde eu desejo
O meu desejo e o teu
Desejo me deseja

Infinito.

Tuesday, July 24, 2007

Tenho dentro de mim
Dentro da minha cabeça
Uma menina preta
Uma menina preta e idosa
Que anda com um novelo de linhas vermelhas
Anda sempre a puxar a linha de dentro de um buraco
Porque quer entender de onde vem isso
Mas a linha vermelha nunca acaba
Às vezes ela se afoga num emaranhado de linhas
E nem se vê mais sua cor
Fica tudo linhas vemelhas
E ninguém mais vê o preto da menina.
Às vezes ela se organiza, e
Sem querer
Faz sumir aquilo que chegou a engoli-la

As vezes enxergo a minha preta
Indo de lá pra cá
Tentando entender o que ela vai fazer depois
Que descobrir de onde vem essa linha
Ou se ela precisa mesmo achar a ponta

“De repente é tudo assim mesmo
Nãotemfim
E eu quero que acabe
Pra poder começar de novo”

Gosto desta menina
Mas ela nem me conhece
Porque ela mora dentro de mim
Ela não sabe quem sou eu.

Monday, July 16, 2007

Nos meus sonhos de menino
sonho com meninos
meninos-sonho
que é meu desejo espelhado
me esperando,
eles nunca existiram
nunca.
Mas nunca deixei de procurar

que eu deseje demais
quem me deseja igual

hoje estou sem lugar
mas já sei de onde não sou
só não quero voltar.

Wednesday, July 04, 2007


O íntimo é infinito
O meu e o seu
Nãotemcomeçonemfim
Mas acaba em você

Hoje teu íntimo é meu
Amanhã seremos do mundo.
Amanhã comeremos o mundo
Com os dedos lambuzados
De desejos e frio na barriga
Para que o sopro não pare.

E se eu fosse vento?
E te percorresse todo?
Te arrepiar inteiro
E te invadir pelos lados invisíveis
E bagunçar teu dentro de repente
Instantaneamente te fazer sentido
Sem ter razão
Te invadir num fluxo de vento
E fazer transbordar aquilo que vc carrega escondido
E por um milímetro-instante te sei
E você, aberto, aceita.

E quando eu não quero saber de você,
Te percebo um detalhe íntimo
Que nem que você quisesse conseguiria contar
Porque talvez nem mesmo você saiba
E por instantes te sei
E você, aberto, aceita.
Como se eu fosse o vento
E num susto soprasse sua veste
Par enxergar o teu dentro
Por um quase não-tempo
E assim construir mais um pedaço de você pra mim.

Se eu como vento,
Te arrepiasse num susto
Livre

Instantaneamente fazer sentido
Sem ter razão

Quando vejo minha sombra no vento
Mexe o que eu não mexo, o vento.